Poemas dos meus (1)
1. Nota Introdutória
Estas 9 ilhas são apaixonada e amorosamente beijadas por este mar indómito e revolto de águas atlânticas. Um mar que é abrigo e morada das baleias, cachalotes, golfinhos e tubarões, que é sustento rico e amigo dos pescadores que o desafiam nas suas barcaças ligeiras, mas que é, simultâneamente, mais traiçoeiro que Judas, envolvendo barcos e homens num longo abraço, amigo e às vezes mortal, fazendo-os subir e descer, cair e voltar a subir elevando-os até ao alto cimo das cristas das ondas mais violentas e mais agressivas.
Estas águas revoltas e encapeladas invadem de maresia e gosto a sal os mais recônditos cantos destes 9 pedacinhos de terra - desde Santa Maria ao Corvo - que, olhando-se uns aos outros, parecem desafiar as lonjuras deste oceano infindo, misturando, sem tempo nem espaço, as cores brancas da espuma da rebentação contra os pontões, os cais de abrigo e as rochas íngremes da costa, com os tons cinzentos e escuros da neblina e da bruma que climatizam e encantam estas estonteantes ilhas açoreanas. Os gritos das garças das aves marinhas, sobrevoando as ondas de mar alto e alteroso, misturam o verde-azul marinho com o verde viçoso, refrescante e aguado, das ilhas recortadas por canadas, caminhos e estradas orlados por sebes e canteiros de flores radiosas, convidando de forma ostensiva, mas hospitaleira, o turista distraído a lançar-se em caminhadas pedestres ou a mergulhar nas águas profundas em caçadas submarinas intermináveis.
O curso "Da leitura à escrita, da escrita lúdica ao texto poético", promovido pelo Centro de Formação das Escolas de S. Miguel e de Santa Maria, e magistralmente organizado e dado pela então Mestre, Drª Maria da Graça Borges Castanho, coadjuvada pela Licenciada, Drª Graça Maria Carvalho Borges de Sousa Menezes, havia terminado dias antes naquele inesquecível mês de Setembro de 1994.
Aquecida então pelos raios tórridos recebidos naquele curso, minha esposa, Lurdes de Oliveira, ao tempo Professora do Ensino Básico, no activo, aproveitou o ensejo duma viagem familiar, realizada poucos dias a seguir, para escrever um poema. Inicialmente, quando lhe pedi, estava renitente em publicá-lo, ainda mesmo que fosse para este blog pessoal. Blá, Blá, e à força de muita argumentação, lá consegui que ela concordásse em inseri-lo aqui nesta página. Mas só aqui - disse -, em mais lado nenhum...
O poema constitui o seu 1º ensaio - e único - de poesia. Nunca, ao longo de toda a sua vida até agora, ela tentou fazer mais alguma coisa em verso. Mas é prova da força e do vigor dos sentimentos que então viveu, constituindo, por isso, um testemunho vivo e intenso, qual pincelada impregnada de mil cores e sons, que vale a pena ser lido.
Bem gostaria, por via disso, que este blog fosse lido por muita gente, sobretudo por quantos visitam ou pretendem visitar os Açores, oriundos das paragens mais díspares. É minha intenção, doravante, fazer desta página um arauto destas 9 magníficas ilhas, disparado directamente ao coração de todos os leitores, turistas potenciais ou ainda não fidelizados.



O poema é de alguém que é natural de S. Miguel, mas que, nem por isso, deixa de viver e sentir esta ilha, em cada dia, de forma dferente. As vivências de ontem, não são o que se sente hoje, nem o que se irá viver amanhã. Por isso, a magia desta "Ilha Verde". Por isso, o encanto renovado das outras 8 ilhas, todas elas lindas e todas elas diferentes umas das outras, cada uma com os seus recortes paisagísticos, vegetação e suas gentes distintas.
O poema retrata, de forma singular e pessoal, um passeio a várias partes desta Ilha do Arcanjo. Todavia, Açores não é só S. Miguel.....
Por isso, turista e caminheiro, vem daí, estás convidado a que embarques comigo, através deste blog, para que, aos poucos, e de modo continuado e persistente, seres tu a fazeres a tua própria pesquisa dos Açores. Já mostrei aqui um bocadinho da Graciosa [à qual prometo que vou voltar em breve para reproduzir em vídeo uma pequena reportagem que fiz.]
O poema está aí, como um pequeno contributo para a descoberta da Ilha de S. Miguel ....
Original escrito por: José Rogério da Apresentação
Em: Ponta Delgada, 28.02.2006

2. Poema: S. Miguel
Original escrito por: Maria de Lurdes Ferreira de Oliveira
Em: Ponta Delgada, 08.09.1994

P´ra percorrer toda a ilha,
Fui parar à Vista do Rei,
Meu Deus... Que maravilha!:
2.
Verde e azul eram suas cores,
Pareciam dormir sono profundo
No meio de vegetação e odores.
E à Lagoa do Fogo subi,
Onde lá no Alto avistei
Um cenário como nunca vi.
E vejam o que se pode sentir,
Forte desejo de sobrevoar
Para todos os cantos descobrir.
Não deixando para trás
O lindo Ilhéu que descansa
A olhar a Senhora da Paz.
Vi flores e recantos deslumbrantes,
Mas não querem ver que agora
Temos cheiros a enxofre penetrantes?!...
7.
A Lagoa e Caldeiras fui ver,
O turista as águas provava
E dela leva garrafas com prazer.
Para um banho quente tomar,
E várias fotos eu tirei
Para mais tarde recordar.
A Povoação passei a correr,
Mas parei um pouco a descansar
No miradouro, para de lá ver
As lombas e depois poder contar.
Mas ´inda deu pra apreciar
o Pico da Vara e a Achada
E uma vegetação linda de pasmar.
11.
Junto à Piscina da Lagoa,
Foi quando ouvi um menino a chamar:
"Venha cá, senhora professôa!"
12.
Para ver os barcos de pesca chegar,
Pois muito peixe encontrei
Para quem quisesse comprar.
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